É muito habitual ouvirmos dizer que o universo
das relações humanas é complexo, mas isso só acontece porque nós o complicamos,
ou não? Porque será tão complicado entendermo-nos?
Será que não estamos verdadeiramente disponíveis
uns para os outros? Será que não sabemos comunicar e expressar-nos
convenientemente? Será que não temos capacidade de escutar os outros ou até de
nos colocarmos no lugar deles? Será que não conseguimos aceitar as outras
pessoas como elas são?
"Vamos lá ver se nos entendemos"
Se queremos construir relações de entendimento na
família, na vida social ou no trabalho temos de fazer alguma coisa por isso. O
entendimento mútuo depende de todas as partes envolvidas numa relação e não só
de uma parte. Todos têm de estar conscientes disso, caso contrário a relação
não se desenvolve ou pelo menos não se desenvolve da melhor forma.
Para facilitar esse processo talvez valha a pena
reflectir sobre "os sete princípios do labirinto das relações",
propostos pelo psicólogo e escritor catalão Xavier Guix:
1. Princípio da intencionalidade
Por detrás de uma acção há sempre uma intenção,
seja ela consciente ou não. Isso significa que para entendermos os outros
podemos observar as suas acções e a partir delas pressupormos as suas intenções.
2. Princípio da diferença, da semelhança e da
variabilidade
É verdade que somos "todos diferentes, todos
iguais" e que isso interfere nos relacionamentos que construímos.
Geralmente, é na diferença que se dão os desentendimentos. Além disso, somos
variáveis. O que fomos ontem pode já nada ter a ver com o que somos hoje. Por
isso, se queremos compreender os outros temos de os redescobrir no "aqui e
no agora", na relação do momento.
3. Princípio dos diferentes estilos afectivos
Algumas pessoas têm mais facilidade em expressar
as suas emoções do que outras, já para não falar naquelas que explodem o
momento. Isso quer dizer que para nos relacionarmos convenientemente com os
outros temos de compreender o seu estilo e ritmo afectivo.
4. Princípio sistémico da relação
As relações vivem e mantêm-se dos contributos
dados pelos seus intervenientes. Se tomarmos consciência disso no dia a dia
podemos melhorar, em parte, as relações que construímos a partir da nossa
contribuição.
5. Princípio da liberdade "condicional"
Somos livres de escolher as pessoas com quem nos
relacionamos ou decidir a forma como nos relacionamos com quem não escolhemos
ter uma relação. Precisamos, contudo, de entender que essa liberdade de escolha
e decisão é em grande medida influenciada ou condicionada pelo que aprendemos e
vivemos ao nível relacional.
6. Princípio construtivista da relação
Se considerarmos que a construção pessoal resulta
do significado retirado das experiências pelas quais passamos, percebemos que
somos "construções" com características muito próprias. Por isso, se
nos queremos relacionar com os outros na base do entendimento, temos de
respeitar a sua "construção".
7. Princípio construcionista da relação
As aprendizagens também se constroem nas relações
que estabelecemos com os outros, ou seja, na interacção social. Cada relação é
única e, por isso, desperta em nós coisas diferentes. Conscientes disso,
devemos retirar o melhor de cada relação.
O vídeo abaixo dá-nos uma lição de como
ultrapassar o dilema "nem eu me explico, nem tu me entendes".
in expresso.pt